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“Alguém aí conhece algum americano ou qualquer falante de inglês?” – a pergunta que mudou minha vida

Escrito por Yasmin Rodrigues

Eu conheci A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em 2022, de maneira totalmente aleatória, e gostaria de compartilhar minha experiência com vocês.

Eu vivia minha vida normalmente e gostava de vivê-la intensamente mesmo. Gostava de tomar bebidas alcoolicas em toda festa ou boate que eu ia, não media muito minhas palavras e acabava xingando bastante as pessoas, e usava roupas bem curtas. Sendo muito sincera, eu me considerava uma pessoa muito feliz.

Existe esse costume das pessoas só irem para a igreja quando estão passando por dificuldades ou vivendo um momento muito triste da vida, mas como eu estava feliz, sentia que não precisava de mais nada.

Até que um dia, recebi a oportunidade de fazer um intercâmbio. Uma família, conhecida minha, me emprestaria o dinheiro, eu teria que pagá-los de volta e então viveria a experiência de fazer um intercâmbio nos Estados Unidos.

Eu tinha 21 anos e trabalhava em uma empresa da área de telemarketing. Claro que aceitei.

Cheguei no trabalho e disse: “Amigas, no final do ano vou sair da empresa! Eu vou para os Estados Unidos! Alguém conhece algum americano(a) ou qualquer falante de inglês?”

Minha amiga Mônica, que trabalhava comigo, disse: “Eu conheço! Recentemente dois rapazes, que são americanos, começaram a me visitar em casa. Eles são de uma igreja, acho que é “mórmon”. Eles vão na minha casa toda quinta-feira. Podemos marcar de todo mundo da equipe ir lá em casa na próxima quinta. Mas antes de vocês irem, pesquisem no Google: “igreja mórmon”.

Eu aceitei ir, e também toda a equipe aceitou. Ficamos curiosas em conhecer os americanos. Foi do pessoal que trabalhava na limpeza, no atendimento, e até alguns coordenadores. Todo mundo mesmo. 

Eu decidi fazer a pesquisa no Google e detestei a doutrina da igreja. Achei um absurdo o que encontrei sobre poligamia, racismo, coca-cola, café, tanto que anotei tudo em um papel para perguntar aos dois meninos e conseguir discutir com eles. E como sou muito boa em argumentar, pensei em aproveitar a oportunidade.

Chegando na casa da minha amiga, me assustei quando vi os dois meninos de terno. Eu morava no Rio de Janeiro e num dia normal, a temperatura era facilmente de 40ºC. Minha primeira reação ao ver aqueles dois foi: “Que maluquice é essa?”

Sentamos, começamos a conversar e eles foram super gentis e legais com todos nós. Logo, tirei meu papel da bolsa e comecei a perguntar sobre tudo o que anotei. Os Élderes responderam todas as minhas perguntas de maneira muito inteligente e educada. Responderam verdadeiramente com o amor de Cristo. Um deles até bebeu coca-cola na minha frente e eu fiquei chocada. Depois, ele explicou que o Google diz muita coisa errada sobre a igreja.

Mas eu não estava convencida de que a igreja era verdadeira. Achei ainda que fosse coisa do inimigo. Mas decidi continuar indo às quintas-feiras na casa da minha amiga e ela também decidiu continuar recebendo os missionários.

Decidi ir à uma reunião sacramental em um domingo. Fui de cropped, barriga de fora e calça jeans já pensando que se forem para me aceitar, que me aceitem como sou. Ninguém me julgou. Absolutamente ninguém. Não vi nenhum olhar torto, mesmo em uma congregação cheia de pessoas mais velhas.

Quando o primeiro hino começou, chorei igual uma criança. Não entendi nada. Me virei para um dos missionários e disse: “Me faz parar de chorar! Eu tô chorando por quê?!”. Ele riu e pegou um lenço para mim. Ele me explicou que estava sentindo o Espírito, e isso não tem como controlar.

Continuei frequentando a igreja nas próximas semanas, mas não quis me batizar. Sou uma pessoa extremamente racional, por isso, primeiro tive que entender a igreja e só depois sentir. 

Revirei o site da igreja, busquei e pesquisei sobre cada informação. Estudei muito até chegar à conclusão de que deveria sim estar ali. Naquela igreja. Naquele lugar. 

Os primeiros missionários que conheci já haviam sido transferidos, já haviam chegado outros, e então na semana do meu aniversário, em agosto 2022, eu decidi me batizar.

Nenhum dos meus amigos são membros e também ninguém da minha família. E quando eu digo que eu NUNCA ouvi falar sobre a igreja de Jesus Cristo antes, é LITERALMENTE NUNCA ter ouvido falar.

Mas mesmo assim todos foram ao meu batismo. Meus pais, meus amigos, colegas de trabalho e até mesmo amigos de outras religiões. E eu amei.

E sabe o Élder da coca-cola, o Élder que me deu o papel pra secar o choro?

Ele seguiu a missão dele normalmente, eu fui pros Estados Unidos fazer intercâmbio, voltei pro Brasil, e quando ele terminou a missão, ele me prometeu que iria visitar o Brasil. Eu duvidei completamente. Ele foi mesmo. 

Saímos algumas vezes e depois começamos um relacionamento a distância. Agora estamos selados e casados no templo. Nos casamos em março de 2024 e recebi minha investidura 3 semanas antes do casamento.

Pois bem, só eu sei o quanto a igreja me mudou. Profundamente. Já fiz tanta coisa, já me arrependi de várias outras. Graças a Deus e Seu evangelho minha linha de raciocínio e forma de viver mudaram drasticamente.

Foi difícil? Sim, muito. Eu já chorei por sentir cheiro de café, demorei bastante para entender sobre os garments do templo, lutei muito internamente e ainda luto demais para não deixar meu antigo “eu” aflorar e tomar conta de tudo de novo. 

Mas eu amo a igreja. Eu amo Jesus Cristo e a Sua Igreja. Eu amo muito mesmo. Quem ainda não abriu o coração e a mente para ao menos conhecer um pouco sobre a igreja não sabe o que está perdendo. É sério. E essa foi a história. Tenho muito a viver ainda nessa igreja linda.

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