Minha deficiência visual: como o evangelho de Jesus Cristo me abençoou
Este artigo foi escrito com base nos relatos de Marcos Vinícius Perseverante
Eu sou nascido em São Caetano do Sul, região metropolitana aqui de São Paulo. Com dois meses de idade, minha mãe descobriu que eu tinha catarata congênita. Fiz um tratamento médico especializado, mas perdi 20% da minha visão.
Esse negócio de visão lá em casa é genético. Minha mãe tinha quatro primos cegos e meu irmão mais velho também tem deficiência visual.
Cresci em uma família umbandista e nunca ouvi falar da Igreja de Jesus Cristo. Enquanto buscava seguir ao Senhor, um dia, fui no centro de Umbanda tomar passe, que é um conselho da religião e tive um sentimento alheio ao local. Senti uma coisa me dizendo que ali não era o meu lugar.
Pouco tempo depois, um colega do meu pai compartilhou sobre o Livro de Mórmon e ele aceitou receber os missionários em casa.
Fui batizado alguns meses depois e sempre tive o desejo de ser missionário, mas quando estava preenchendo meu chamado, tive uma perda de 45% da visão e meu presidente de estaca sentiu que eu não deveria prosseguir com os papéis.
Mas, o Senhor tinha outros planos para mim. Tive a oportunidade de ser um missionário de serviço no Instituto Penha, e ao estender meu serviço voluntário no Serviços de Recursos de Emprego da Igreja, conheci minha esposa Shirlei.
Os desafios da deficiência visual
Com a piora da minha visão, tive que fazer várias adaptações na minha vida. Aprendi a usar bengala, a ler em braille, a manusear o sistema de leitor e ampliador de tela, e também princípios sociais sobre acessibilidade.
Durante esses anos de adaptação, sinto que meu principal desafio em relação à deficiência visual é a dificuldade de convivência em sociedade. Percebo que, no geral, as pessoas não sabem como oferecer ajuda de maneira adequada, como dar o braço ou o ombro.
É preciso bastante paciência, por isso oro todos os dias ao Pai Celestial. Pergunto a Ele por que as pessoas são assim e como eu faço para ensiná-las de forma assertiva. Sou grato pelo Senhor sempre me instruir a ensinar por meio do Espírito.
Explico como as pessoas podem me ajudar e deixo que elas decidam seguir minhas orientações. Minha paciência vem do Evangelho de Jesus Cristo e das orações pedindo calma, tranquilidade e sabedoria para explicar. Sem esses princípios, eu enfrentaria sérios problemas em muitas situações.
Você quer ser curado?
Na igreja, enfrento um problema de superestimação. As pessoas acreditam tanto na minha capacidade que muitas vezes não percebem quando preciso de ajuda. Sempre tem gente me perguntando, “Marcos, você quer ser curado?” Eu digo que sim, que quero ser curado. Eu tenho fé para ser curado. Contudo, também desenvolvi fé para não ser curado.
Eu desenvolvi fé para entender que o Senhor tinha outro plano na minha vida, para entender que o Pai Celestial queria que eu vivesse esse desafio para que eu crescesse enquanto pessoa. E eu entendi isso muito rápido.
Eu entendi isso enquanto servia como missionário de serviço. Porque a minha missão foi do jeito que o Pai Celestial quis, não foi do jeito que eu quis.
O Evangelho de Jesus Cristo abriu minha mente e me ensinou que os milagres ocorrem pela vontade e conforme o plano de Deus. Pessoalmente, considero um milagre que uma pessoa com 5% de visão consega realizar várias tarefas sozinha. Eu poderia não fazer, mas sinto que devo e consigo.
Trabalho em dois empregos e ajudo numa ONG local que assiste pessoas com deficiência visual. Na igreja, já tive a oportunidade de servir em vários chamados e atualmente, sou membro do sumo conselho da estaca. Já cantei no coral e vou ao templo, e minha deficiência nunca me impediu de fazer essas atividades.
A resposta está no Senhor
Sem o evangelho de Jesus Cristo, a vida seria muito mais desafiadora para mim como pessoa com deficiência visual. Aprendi a ter esperança e acreditar na cura, mesmo que não aconteça nesta vida, confiando na vontade do Senhor.
Para as pessoas que enfrentam esses mesmos desafios eu diria que o Pai Celestial sabe de tudo. Ele tem um conhecimento perfeito e tem um porquê para todas as coisas. Muitas vezes, não vamos enxergar esse porquê, mas devemos ver as coisas de maneira positiva, mesmo nos dias difíceis.
Quando estamos desanimados, podemos fazer um esforço para agradecer, rir e relaxar. Às vezes, questionamos por que certas coisas acontecem, mas a resposta está no Senhor e no nosso desenvolvimento pessoal.
Enfrentar desafios nos fortalece, assim como Jesus Cristo escolheu enfrentar os desafios, sabendo das consequências e submetendo-se à vontade do Pai.
Para quem está perdendo ou já perdeu a visão, viva o luto, permita-se sentir tristeza e depois abrace o desafio. Com o tempo, a dor diminuirá. E lembre-se, sua deficiência é só mais um degrau que o aproxima de seu Salvador e irmão, Jesus Cristo.
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Posto original de Maisfé.org