É possível voltar ao passado? O que a Expiação nos ensina
Tirando as incríveis possibilidades da ficção cientifica, que geram um entretenimento divertido e empolgante, a questão já foi enfrentada por vários cientistas, inclusive Albert Einstein, que criou a Teoria da Relatividade (a qual prevê a possibilidade de viagens no tempo). Entretanto, neste artigo trataremos dos aspectos teologicos da questão.
O tempo é relativo
Várias escrituras falam sobre o tempo. Mas elas são claras em diferenciar o “tempo medido pelos homens” e o “tempo de Deus”. Lemos que
“Tudo tem o seu tempo determinado, e todo propósito debaixo do céu tem o seu tempo” (Eclesiastes 3:1)
Veja que a passagem fala sobre o tempo “debaixo do céu”. Para Deus a realidade temporal é bem diferente da nossa. Quando falava sobre a ordem em que se dará a ressurreição dos mortos, Alma acrescentou:
“tudo é como um dia para Deus e o tempo somente é medido pelos homens” (Alma 40:8)
Joseph Smith recebeu a seguinte pergunta: “Não é calculado o tempo de Deus, o tempo dos anjos, o tempo dos profetas e o tempo dos homens de acordo com o planeta em que habitam?” (D&C 130:4). E ele respondeu: “Sim”; e então acrescentou:
“Os anjos não habitam em um planeta como esta Terra; Mas habitam na presença de Deus, em um globo semelhante a um mar de vidro e fogo, onde todas as coisas passadas, presentes e futuras manifestam-se para sua glória; e estão continuamente diante do Senhor.” (D&C 130:6-7)
Então, os anjos – e o próprio Deus – não estão limitados a uma ordem temporal semelhante a nossa – pois não habitam em nosso planeta. Porém, há mais. Os seres celestes estão libertos de nosso tempo linear não apenas por não viverem nesta Terra – mas por sua intrínseca condição especial:
“[Deus] compreende todas as coisas e todas as coisas estão diante dele e todas as coisas estão ao seu redor; e ele está acima de todas as coisas e em todas as coisas e através de todas as coisas e ao redor de todas as coisas; e todas as coisas existem por ele e dele, sim, Deus, para todo o sempre.” (D&C 88:41)
Embora passado, presente e futuro estejam continuamente diante de Deus – e sejam “um eterno agora”, as escrituras revelam que existe alguma realidade temporal superior – que permite a distinção entre eternidades (D&C 39:1) e eventos divinos (Abraão 5:1-3).
Apesar de todos os mistérios que cercam o fenômeno do tempo, sabemos que Deus “deu uma lei para todas as coisas, pela qual se movem em seu tempo e em suas estações”. Sabemos que “seus cursos são fixos, sim, os cursos dos céus e da Terra, que abrangem a Terra e todos os planetas. E transmitem luz uns aos outros em seu tempo e em suas estações, em seus minutos, em suas horas, em seus dias, em suas semanas, em seus meses e em seus anos — e tudo isto é um ano para Deus, mas não para o homem” (D&C 88:42-44)
As escrituras, por fim, afirmam que “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pedro 3:8, Salmos 90:4). Joseph Smith aprendeu ao traduzir antigos papiros que
“Colobe, que significa a primeira criação, a mais próxima do celestial, ou seja, da morada de Deus. A primeira em governo, a última pertencente ao cálculo de tempo. O cálculo segundo o tempo celestial, tempo celestial esse que significa um dia por côvado. Um dia em Colobe é igual a mil anos, de acordo com o cálculo desta Terra, que é chamada pelos egípcios Ja-o-e.” (Fac-símile 2, Figura 1, Pérola de Grande Valor)
De fato, aprendemos com a teofania de Abraão:
“E o Senhor disse-me, pelo Urim e Tumim, que Colobe seguia, em suas revoluções, o padrão do Senhor quanto às suas épocas e estações; que uma revolução era um adia para o Senhor, segundo a sua maneira de calcular, sendo mil anos conforme o tempo designado para onde te encontras. Esse é o cálculo do tempo do Senhor, de acordo com o cálculo de Colobe” (Abraão 3:4)
A doutrina da Expiação e o tempo
A Expiação de Jesus Cristo é o sacrifício infinito e eterno que foi realizado por um Deus amoroso para nós e para toda Criação. Cristo sofreu as angustias, pecados e dores para que todos e tudo fossem salvos, caso cumprissem Sua lei.
Creio que a compreensão da natureza da Expiação é a chave para respondermos várias questões fundamentais e outras nem tão relevantes assim. Portanto, suspeito que se entendermos suficientemente sobre a Expiação poderemos até mesmo descobrir se viajar no tempo é ou não uma possibilidade.
A Expiação foi realizada em um momento da eternidade, e os homens podem apontar quanto ela se deu. Começou na madrugada de quinta para sexta-feira, durante a oração fervorosa de Cristo no Getsêmani – e prosseguiu até o momento glorioso da ressurreição na manhã de domingo. Isso se deu no meridiano dos tempos, quando o Senhor tinha cerca de 33 anos.
Todavia, em termos de alcance e eficácia, a Expiação é atemporal. O Élder Tad R. Callister, dos Setentas:
“A Expiação realmente se aplica pela ‘infinita vastidão da eternidade’ retroativamente e prospectivamente. (…)
Esse também foi o testemunho do Salvador: ‘A minha salvação durará para sempre’ (Isaías 51:6)” (Expiação Infinita, pg. 84)
Assim, se fosse possível um homem voltar no tempo, desfazer seus erros e evitar a dor, os propósitos da Expiação estariam distorcidos. De fato, com a possibilidade de refazer a prova mortal não seria necessária fé em Deus, arrependimento e ordenanças do Evangelho.
Assim, voltar no tempo para alterá-lo é impossível frente a doutrina da Expiação. A verdade é que “Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus” (1 Pedro 3:8). E que “se não fizermos melhor uso de nosso tempo nesta vida, virá a noite tenebrosa, durante a qual nenhum labor poderá ser executado” (Alma 34:33).
Acessar o passado X viver novamente
Enquanto a doutrina da Expiação não dá margem a viagem no tempo, para alterar o passado, ela parece concordar com a possibilidade de acessá-lo.
Profetas nas escrituras viram eventos passados e futuros – seja nosso passado pré-mortal (Abraão 3), a criação do mundo (Gênesis 1-2) e viram o futuro (1 Néfi 11-14). O termo vidente tem especial significado neste contexto: um vidente “pode saber tanto de coisas passadas como de coisas futuras” (Mosias 8:17).
O próprio Salvador fez profecias sobre os últimos dias (Mateus 24). Assim, a capacidade de saber exatamente o que se passou e exatamente o que se dará é um dom espiritual recorrente nas escrituras, o que significa que é possível acessar o passado – vê-lo e senti-lo – de modo perfeito – porém sem revivê-lo ou alterá-lo.
É-nos dito que no futuro quando esta Terra, em seu estado santificado e imortal, for transformada como em cristal:
“será um Urim e Tumim para os seus habitantes, pelo qual todas as coisas pertencentes a um reino inferior ou a todos os reinos de uma ordem inferior manifestar-se-ão àqueles que nela habitam; e esta Terra será de Cristo.”
Também sabemos que os que merecerem o Reino Celestial receberão
“a pedra branca, mencionada em Apocalipse 2:17, (…) e por ela tornar-se-ão conhecidas as coisas pertencentes a uma ordem superior de reinos” (D&C 130:9-10)
Nessa condição exaltada seremos semelhantes a Deus – e estaremos numa realidade temporal especial – e tudo será um eterno hoje. Teremos pleno acesso a todo conhecimento dos “reinos inferiores” – passado, presente e futuro.
Conclusão
Muito mais poderíamos investigar sobre a interessante questão proposta. Mas ao refletirmos sobre as teorias cientificas e implicações filosóficas – devemos considerar aquilo que as escrituras revelam com clareza. Uma das verdades fundamentais é a Expiação de Jesus Cristo. O sacrífico Dele por todos nós implica que podemos corrigir nossas falhas – mas não mediante ao retorno ao passado – mas por meio do arrependimento sincero.
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E si Deus permiti eu viver o passado novamente mas ele corrigir os meus erros por mim si eu tiver arrependida e pedir para que eu volte ele pode corrigi por mim?