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Sofro com ansiedade. Como Cristo pode me ajudar?

Você consegue se lembrar de um lugar que quando criança você achava que era enorme e que agora, vê o quão pequeno é? Por exemplo, o quintal da casa da sua tia que você explorava, achava que era uma enorme floresta, mas hoje, depois de adulto, você vê que é apenas um pequeno quintal… Todas as coisas dependem do ângulo que as vemos.

Tenho cinco sobrinhos e um deles, tem pouco mais de um ano. Semana passada, meu sobrinho de um ano, parou em frente a uma porta fechada. Ele não conseguia alcançar a maçaneta da porta. No entanto, ele não ficou preocupado, desesperado, chorando ou tentando a todo custo alcançar a maçaneta e abrir a porta.

Ele olhou para cima, em minha direção e seu olhar pediu que eu ajudasse. Com essa cena, aprendi que ele não se desesperou por três motivos. O primeiro: Ele deve ter pensado – minha tia é enorme, é gigantesca, ela alcança a maçaneta. Segundo: Ele deve ter pensado também que eu ajudar. E terceiro: ele sabia que eu o amava e que abriria a porta para ele.

Trazendo essa cena para nossa vida, poderíamos dizer que as dificuldades, como a ansiedade são como aquela porta fechada que não alcançamos a maçaneta. No entanto, o Pai Celestial é enorme, é gigantesco e alcança a maçaneta.

Ele pode nos ajudar. Ele nos ama e pode abrir as portas para nós. Há muitas maneiras de vencermos a ansiedade e os problemas, no entanto, todas elas precisam começar com a fé em Cristo.

“Então Josafá temeu, e pôs-se a buscar ao Senhor, e apregoou jejum em todo o Judá. Ah, Deus nosso, porventura não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que faremos, porém os nossos olhos estão postos em ti.”

Todos nós estamos sujeitos a momentos de ansiedade e medo e, como o rei Josafá, precisamos aprender a colocar sempre os nossos olhos em Deus.

Ainda que tenhamos recebido a Cristo como Salvador, e com Ele o perdão de todos os nossos pecados (1Jo 1.7), continuamos vulneráveis em nossos sentimentos e emoções. Já somos novas criaturas (2Co 5.17), mas a nossa velha natureza ainda é suscetível às circunstâncias que nos advêm. Sendo assim, não é anormal ficarmos ansiosos, com medo, desanimados e abatidos. O próprio apóstolo Paulo experimentou tais sentimentos em sua vida cristã (2Co 6.4-10; 7.5-6).

Mesmo o Senhor Jesus, nos Seus últimos dias, revelou a nós a tristeza do Seu coração (Mc 14.34); contudo, essa tristeza não provém de uma velha natureza no caso de Jesus e nem havia vulnerabilidade Nele.

Qual de nós não se sente ansioso e com medo diante de uma enfermidade, do desemprego, de uma crise familiar, da violência que nos cerca, dos desafios que temos que assumir?

respondidas, prevenção de suicídio

O terapeuta cristão Gary R. Collins faz uma distinção entre a ansiedade normal, que é uma reação natural diante dos perigos e ameaças, que é controlada ou diminuída quando as circunstâncias exteriores se modificam; e a ansiedade aguda ou neurótica, que desenvolve sentimentos exagerados de desespero e medo, mesmo quando o perigo é inexistente.

Para ambas Deus providenciou recursos para nos ajudar nestes momentos. No texto de Filipenses 4, a partir do versículo 2, notamos que a igreja ou alguns de seus membros estavam em crise de relacionamento. Aparentemente, as irmãs Evódia e Síntique andavam em desacordo. Tal desavença estava entristecendo demais os irmãos.

Paulo, então, pediu a um irmão amigo que promovesse a reconciliação (v.3) e à igreja que, resolvida a questão, voltasse a se alegrar no Senhor (v.4). Vejamos, nos versículos 6 e 7, o apóstolo Paulo ensinando o que fazer para vencer a ansiedade e o medo.

1 – Identificar a causa do problema

Talvez a dor dos irmãos e a sua ansiedade tivessem como origem a briga das duas irmãs (v.2), e Paulo foi direto ao ponto de tensão. Ou seja, descobrir a causa da ansiedade dá início à solução do problema.

Através da observação, reflexão, autoanálise, leitura das escrituras, aconselhamento com nossos líderes, podemos descobrir o que de fato nos preocupa. Às vezes, não é fácil esse exercício, mas pode nos fazer muito bem, se feito adequadamente.

Você sabe bem as causas da sua ansiedade quando a sente? Davi, certa vez, pediu que Deus vasculhasse o seu coração e fizesse aflorar os males que ali estavam (Sl 139.23-24).

2 – Considerar a ajuda de nossos irmãos

Depois de descobrirmos a causa de nossa ansiedade, devemos atacá-la. O apóstolo Paulo não teve dúvida, repreendeu as irmãs e as admoestou a pensarem concordemente no Senhor.

Para ajudar na resolução do conflito, pediu ajuda de um “verdadeiro companheiro”. Não sabemos quem era esse “verdadeiro companheiro”.  (v.3), mas o certo é que a sua ajuda foi muito importante naquela hora. Todo membro da Igreja, pode ter também seus “verdadeiros companheiros”. Ou melhor, podemos ser essa pessoa.

“Verdadeiros companheiros” são aquelas pessoas que, em momentos difíceis, oram uns com os outros e pelos outros. Ajudam-se mutuamente e frequentemente. Esse apoio fraternal é de especial significado quando o problema é o tratamento do medo e da ansiedade. A Bíblia afirma que o “perfeito amor lança fora o medo” (1João 4:18).

E como verdadeiros cristãos, devemos “alegrar-nos com os que se alegram; e chorar com os que choram” (Romanos 12:15). Collins, já citado, afirma que o inimigo do medo é o amor. Especialmente, demonstrar o amor de Cristo é ajudar também aqueles que sofrem de ansiedade e medo.

Pregar o evangelho do Salvador com paciência e amor é a melhor maneira de levar outros a expulsar de sua vida o medo e a ansiedade.

3 – Alegrar-se sempre no Senhor

Possivelmente a crise de relacionamento das duas irmãs estava tirando a alegria da igreja. De fato, toda divisão no corpo de Cristo traz consigo uma tristeza imensa. Talvez seja por isso que Jesus orou tanto pela unidade de Seus filhos (Jo 17.11). No entanto, em meio às lutas, os irmãos foram exortados a se alegrar no Senhor (v.4).

Por maiores que sejam as lutas sempre haverá no Senhor, motivo de alegria. No versículo 6, no meio da ansiedade e medo, deveria, ainda assim, haver ações de graças. Se olharmos somente para os problemas, ficaremos mais ansiosos ainda. Podemos, por outro lado, nos alegrar sempre Nele.

Segundo Collins, alegrar-se, para os cristãos, é uma ordenança permanente do Senhor, pois Ele disse que jamais nos deixaria. Temos ainda a expectativa de Sua volta e da vida com Ele num lugar especialmente feito para nós, Seus filhos. Um lugar de paz e de muita alegria.

Starway to Heaven, de Jim Warren

Stairway to Heaven, de Jim Warren.

4 – Confiar em Deus em oração

Em Filipenses 4:6, está escrito que a oração é o melhor remédio à ansiedade e ao medo. Foi em oração que muitos dos heróis da Bíblia aprenderam a confiar no Senhor. Jó orou muito durante a sua crise existencial. Foi crescendo tanto em confiança em Deus que, no final de suas provações, ele declara: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem”( Jó 42.5).

Ana, por sua vez, foi embora contente após ter orado com tanta dedicação ao Senhor e ouvido as palavras do sacerdote Eli (1Sm 1.9-18). Asafe se mostrou confiante na soberania de Deus após entrar no santuário e orar (Sl 73.17-28). À medida que confiamos mais no Senhor em oração, menos a ansiedade e o medo habitam em nós.

Em Mateus 6.25-34, o Senhor Jesus ensina que não devemos ficar ansiosos com a nossa vida. O que devemos fazer é buscar o reino de Deus e a Sua justiça (v.33). A oração vence a ansiedade. Quem ora bastante vive bem.

Mas além desses pontos, mencionados nas escrituras, o que podemos fazer para vencermos o medo e a ansiedade?

5 – Ser uma pessoa ansiosa não nos classifica como mais fracos

Entenda que ser uma pessoa ansiosa, não nos qualifica como mais fracos que os demais. Todos têm dificuldades nessa vida. Sem exceção. A mortalidade por si só é um grande desafio.

Viemos aqui para sermos testados, provados e aperfeiçoados. Ninguém é perfeito, por mais que pareça isso. Entender que a ansiedade não nos qualifica como pessoas fracas, é essencial para vencermos essa batalha.

Não precisamos e não podemos olhar para nós mesmos ou para os outros, julgando a ansiedade como uma fraqueza.

6 – Não tenhamos vergonha de procurar ajuda profissional

Não há absolutamente nenhum problema em dizer que procuramos um psicólogo, um psicanalista ou um psiquiatra. De verdade. Sem medo.

Esses profissionais são instrumentos nas mãos do Senhor, para nos ajudar em nossa senda mortal. Eles têm ferramentas e conhecimentos que se corretamente aplicados, podem mudar o rumo de nossa história.

Se sentirmos que devemos procurar por ajuda profissional, façamos isso. Sem receio e sem medo do que os outros vão dizer. Nossa saúde emocional é tão importante quanto nossa saúde física e espiritual.

7 – Não é eterno

A ansiedade não é uma condição eterna. Assim como muitas coisas pelas quais passamos pareciam grandes demais, a ansiedade pode estar parecendo grande demais agora.

No entanto, como muito do que já vencemos, a ansiedade pode se tornar apenas uma lembrança de algo que também vencemos. Assim como a porta fechada lá no início do artigo, não ficará fechada para sempre, a ansiedade também não precisa fazer morada em nossa vida e em nossos lares. Podemos e somos capazes de vencer.

8 – É normal

A ansiedade é uma emoção normal do ser humano, comum ao se enfrentar algum problema no trabalho, antes de uma prova ou diante de decisões difíceis do dia a dia. Não há motivo para ficar alarmado se vez ou outra, sentir-se ansioso – é normal.

A ansiedade excessiva é que pode se tornar uma doença, ou melhor, um distúrbio de ansiedade. Nesses casos, recomenda-se o que citamos acima, em especial, a procura por um profissional.

Em conclusão…

O texto de Filipenses começa relatando uma crise de relacionamento (v.2), mas termina com uma promessa de paz (v.7). É possível ter a paz de Cristo ocupando o lugar do medo e da ansiedade em nossa mente e coração, mesmo que as circunstâncias externas não mudem.

O que determina a paz no barco não é a ausência da tempestade lá fora, mas a presença de Jesus do lado de dentro (Mt 8.23-27). Jesus nos prometeu uma paz que o mundo não pode dar ( Jo 14.27), no entanto, afirmou, também, que no mundo teríamos aflições ( Jo 16.33).

Paz não é a ausência de problemas e aflições, mas é uma dependência completa do cuidado de nosso Pai Celeste. Ele nos ama e está disposto a nos ajudar sempre, em qualquer situação.

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