Como posso saber que fui perdoado? Essa parábola tem a resposta
A pergunta mais comum que recebo de membros da Igreja é, “Como consigo respostas para as minhas orações?” A segunda mais comum é, “Como posso saber se fui perdoado?”
Ou, em outras palavras, “Como posso ter certeza que fui totalmente perdoado?”, às vezes a pergunta é, “Como posso ter a confiança da minha posição perante o Senhor?”
Às vezes, tendemos a acreditar que a misericórdia do Salvador está sobre todas as outras pessoas, menos sobre nós. Tenho essa dificuldade tanto quanto qualquer outra pessoa.
Muito das nossas angústias sobre nossos fracassos, vem somente da nossa inabilidade de permitir que esses fracassos fiquem para trás, e também da nossa angústia de repetir o mesmo erro diversas vezes.
Pedir perdão “setenta vezes sete” (Mateus 18:22) é frequentemente pela mesma fraqueza! Apesar de nossos melhores esforços e promessas de nunca repetir o mesmo erro, falhamos.
Às vezes o poder do hábito ou a atração do mundo podem ser muito fortes. Temos muitos testes para determinar a profundidade do nosso arrependimento: Restituir quando possível, confessar a Deus (e em casos mais sérios, ao nosso líder eclesiástico), e o peso do remorso.
Lemos claramente em Doutrina e Convênios 58:43, “Desta maneira sabereis se um homem se arrepende de seus pecados — eis que ele os confessará e abandonará”.
Essa afirmação é boa para uma pessoa que entrou na jornada do arrependimento, mas talvez seja assustador para alguém que ainda não confessou ou não abandonou.
Outro elemento a ser ponderado pode ser ainda mais importante e está presente em uma pergunta que Jesus fez em uma de Suas parábolas.
Responder de maneira afirmativa a essa pergunta proporciona paz e a certeza de esperança para aqueles que com corações quebrantados.
A pergunta por si só pode proporcionar um sentimento de integridade. Podemos saber por nós mesmos que fomos perdoados.
Essa parábola é muito conhecida e Jesus fala sobre dois devedores. O primeiro era um servo que devia “dez mil talentos” a seu senhor – uma enorme quantia. O segundo era um conservo que devia “cem denários” ao servo – uma pequena quantia.
Quando o servo que devia dez mil talentos apelou por mais tempo para pagar, ele recebeu mais do que havia pedido, “o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida” (Mateus 18:27).
Mas ele não ofereceu a mesma misericórdia que havia acabado de receber, e exigiu o pagamento completo de seu conservo e o lançou na prisão até que pagasse sua dívida.
Quando foi novamente levado à presença de seu senhor, o primeiro servo foi lembrado pelo senhor da misericórdia que recebeu, simplesmente “porque me suplicaste” (Mateus 18:32).
E então surge a pergunta, o que Cristo nos pede quando buscamos paz de espirito e perdão Dele com relação aos nossos erros e pecados: “Não devias tu igualmente ter compaixão do teu companheiro?”
Essa pergunta termina com um lembrete esclarecedor sobre a misericórdia que o devedor de dez mil talentos recebeu (portanto, a misericórdia que o Salvador nos oferece): “… como eu também tive misericórdia de ti?” (Mateus 18:33).
Nunca leio essa pergunta sem ver compaixão nos olhos do Salvador, olhando para mim através da página dessa escritura. Sei que Ele espera que eu responda, e eu também desejo agrada-Lo.
“Sim, Senhor, também tenho compaixão pelos meus servos.” Como muitas de Suas perguntas, esta é tão simples e óbvia que penetra imediatamente em nossos corações e vidas. Tem uma qualidade contagiosa. Examinamos nossos relacionamentos passados e presentes.
Primeiro, esta pergunta aparece em nossa frente, é muito difícil não sentir misericórdia e compaixão por aqueles que nos ofenderam.
Segundo, quando nossa alma está limpa de negatividade, amargura ou raiva por qualquer ser humano, criamos um lugar para a misericórdia, a paz e a integridade que desejamos.
Talvez inevitavelmente, o espaço em nosso coração onde está a paz é exatamente o mesmo onde colocamos animosidade, amargura, raiva ou ressentimento para com os outros – e ambos não podem permanecer no mesmo lugar ao mesmo tempo.
Esse é um dos paradoxos da vida. Podemos preencher esse espaço com inveja, raiva e outras emoções destrutivas, mas o Senhor espera até que estejamos limpos dessas emoções, então criamos espaço para Sua paz.
Pode ser difícil, especialmente quando nossos sentimentos negativos são mascarados com as vestes da justiça. Acredite em mim, sei bem como é.
Tenho certeza que todos sabemos como é sentir que deveríamos ter aprendido uma verdade mais cedo em nossas vidas. Frequentemente lamento não saber aos meus 30 o que agora sei aos meus 60.
Por causa de antigos chamados e também como professor do evangelho, já ouvi muitas confissões e tentei ajudar pessoas que tinha dificuldades em seus pecados da melhor maneira que pude.
Algumas das pessoas que escutei pensavam se tinham sido (ou algum dia seriam) perdoadas, desejando, acima de tudo, paz ao tentar se auto perdoar.
Nós conversamos sobre remorso, restituição, confissão – a fórmula padrão do perdão. Conversamos sobre a misericórdia e o amor do Senhor, e sobre Sua Expiação, mas demorei para fazer uma série de perguntas que pareciam sempre dar mais paz e segurança de dignidade.
Agora elas são as primeiras perguntas que faço: “Você teve compaixão para com seus conservos? Você perdoou todos em sua vida? Você tem algum devedor que não perdoou?”
Se uma auto reflexão os faz perceber que eles mostraram pelo próximo aquilo que desejam para si mesmos, que eles não têm devedores e perdoaram a todos (o que geralmente é o caso), uma luz se acende.
Sob aquela luz de auto percepção de seu próprio coração cristão, cresce um sentimento de integridade e auto aceitação, então é possível sentir paz.
Enfim é possível sentir calma e paz. Se você perdoa, você pode ser perdoado! Esta é uma verdade eterna!
Acredito que a serenidade que recebemos quando podemos responder à pergunta de Cristo afirmativamente, surge da compaixão e piedade que sabemos que temos em nossos corações, e podemos então aplicar essas mesmas emoções a nós mesmos.
Fonte: LDS Living
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