Histórias de Fé: Milagres até a cura do meu câncer de mama
Essa é a história de Marilia Bochio
Meus pais se batizaram quando eu tinha 1 ano de idade e no meio do caminho meu pai se afastou, mas minha mãe continuou firme. Eles acabaram se separando depois, mas minha mãe sempre nos mostrou com seu exemplo o quanto o evangelho fazia a diferença em nossas vidas.
Cresci com a mentalidade de que eu queria um marido que pudesse me levar ao templo, que fosse companheiro e cuidasse de mim. Aos 18 anos (em 2010), conheci um rapaz maravilhoso, de outra cidade.
Não o conhecia pessoalmente, mas sentia algo diferente e durante os dois anos de missão dele conversávamos por cartas. Um mês antes dele voltar da missão, começamos a conversar por e-mail, e foi quando ele me pediu em namoro.
No mês seguinte, julho de 2012, ele chegou da missão, então o conheci pessoalmente. No mesmo dia, ele me disse que queria namorar para casar, e que se o Senhor o abençoasse com um emprego, casaríamos em 3 meses – isso mesmo, 3 meses.
Bom, ele conseguiu o emprego, então 3 meses depois, com meus 21 anos de idade, casamos. Foi a melhor escolha que já fiz em minha vida e hoje já fazem 10 anos que estamos casados.
Nesses 10 anos muitas coisas aconteceram, e o Pai Celestial nos abençoou e continua nos abençoando imensamente. O evangelho nos ajudou a continuarmos firmes, a mantermos as esperanças e a fé dia após dia.
Um câncer de tipo raro
Em 2016, com 4 anos de casados, pensávamos na possibilidade de ter nosso primeiro filho. Eu estava bem, até que um dia, do nada, senti um nódulo na minha axila. Pensei que fosse apenas uma íngua, porém, um mês depois ela permanecia e começou a doer.
Resolvi procurar um médico, e de início não achavam que fosse nada sério – uma moça de 24 anos, sem histórico familiar – pensavam ser algo do cotidiano. Porém, os exames começaram a sair alterados, sendo necessário fazer uma biópsia.
No dia anterior à biópsia, apareceu um nódulo na mama, que até então não estava lá, e nem tinha aparecido na ultrassom da semana anterior. Sendo assim, eles fizeram a biópsia do nódulo que surgiu na mama ao invés do que tinha na axila e foi aí que veio o nosso susto. Era um câncer de mama de um tipo raro.
Não era do tipo que a maioria das mulheres costumam ter, é um câncer chamado triplo negativo, ou seja, ele não acontece devido a hormônio – o que o torna um pouco pior, pois não há um meio de prevenção, não há medicamentos que possam ser tomados após a cura para inibir sua volta, e com isso ele pode reaparecer a qualquer momento.
E foi aí que os milagres começaram a acontecer.
Eu sabia que era o Pai Celestial falando comigo
Na semana que eu ia começar o tratamento, estava na igreja no domingo e fiz uma oração – acho que a oração mais sincera de toda minha vida. Pedi ao Pai Celestial que cuidasse de mim, que não me deixasse desistir e nem desanimar.
Falei com Ele que em minha bênção patriarcal haviam promessas e eu queria que elas fossem cumpridas, e por isso, eu não poderia morrer. Pedi que, se houvesse um momento em que eu não tivesse forças, que Ele me carregasse, e não me deixasse desistir.
Enquanto orava, o presidente de estaca que visitava a nossa ala naquele domingo, se levantou, foi ao púlpito e disse: “Não sei o motivo de eu estar aqui, mas o Espírito me tocou muito forte, e o Pai Celestial está pedindo que eu diga a uma pessoa que está aqui, que eu não sei quem é, mas que vai saber que essas palavras são para ela: vai ficar tudo bem. Confie e tenha fé.”
Ele não seria um discursante naquele domingo, e naquela hora eu senti o Espírito do Senhor. Imediatamente as lágrimas surgiram e eu sabia que era o Pai Celestial falando comigo. Isso me ajudou e me confortou muito.
Três meses depois, falando com esse presidente de estaca, eu falei sobre essa ocasião. Ele me disse que naquele momento entendeu o que tinha acontecido naquele domingo, porque até então ele não conseguia entender aquela experiência espiritual.
Comecei meu tratamento. Fiz quimioterapia, radioterapia e depois fui para uma cirurgia de mastectomia total da mama direita com esvaziamento axilar.
Os médicos disseram que eu tinha uma chance alta de ter o câncer na mama esquerda também, por conta da minha idade e pelo tipo de câncer, eles acreditavam que tinha acontecido uma mutação genética. Sendo assim, eu iria tirar a mama esquerda também por prevenção.
Durante o meu tratamento, a quimioterapia não estava dando resultado nas células do câncer, e por isso, elas subiram para o pescoço. Cheguei a ouvir do médico responsável que não tinha mais jeito, e foi quando eu respondi pra ele que apenas o Pai Celestial poderia decidir a minha hora, que para Ele nada era impossível, e que eu iria vencer.
Depois de mais algumas sessões de quimioterapia e radioterapia, obtivemos sucesso. Meu corpo reagiu e durante a radioterapia, mais uma vez, o Pai Celestial usou uma outra pessoa para falar comigo.
Um senhor que fazia radioterapia junto comigo veio falar comigo um dia, meio sem graça e disse: “olha estou há uma semana me preparando e tentando falar com você, porque Deus quer que eu te fale para não desanimar, você vai ficar bem”. Naquele momento senti o amor do Pai Celestial novamente, senti minhas energias e fé aumentarem mais ainda.
Confesso que não foi fácil. Por muitas vezes chorei, fiquei triste, arrasada, com medo, mas sempre tive fé, e sabia que o Pai estava comigo.
Um novo câncer, minha primeira gestação e a voz de Deus
Seis meses depois da minha primeira cirurgia (onde colocaram um expansor em minha mama direita, para depois fazer a reconstrução), ao começar a fazer o planejamento da próxima cirurgia com a retirada da mama esquerda, descobri que estava grávida.
Era um grande milagre, pois ao iniciar meu tratamento de quimioterapia, eu tinha tomado uma injeção de prevenção dos ovários, só que não pude esperar o seu efeito total, porque as células de câncer subiram para o pescoço. E era um milagre mesmo, pois os próprios médicos não achavam que isso poderia acontecer.
Infelizmente, com 4 meses de gestação descobrimos um novo câncer, agora na mama esquerda. Foi um caso muito incomum, grávida e com câncer. Tudo era novidade, os médicos começaram a fazer um tipo de quimioterapia para quem está gestante, e tive que reiniciar meu tratamento.
Meu cabelo que já estava crescendo e estava na altura do ombro caiu de novo, mas isso não foi o pior. O que nos deixou mais aflitos era saber como ficaria meu bebê. Os médicos sempre me diziam que em qualquer situação eles iriam preservar a minha vida e não a do meu filho, e isso era amedrontador para mim.
Mais uma vez coloquei minha fé na frente de tudo e a gestação foi bem, mesmo com a quimioterapia. No final do quinto mês de gestação, a veia do coração que se fecha quando o bebê nasce, começou a se fechar dentro da barriga.
Não sabíamos se era por conta da quimioterapia ou se era algo na gravidez, mas isso fez com que meu bebê nascesse de 34 semanas. Ele ficou uma semana na UTI, mas ficou ótimo. Uma criança linda, grande, forte e saudável. O Pai Celestial cuidou e preservou meu filho: meu milagre chamado Oliver.
Após o nascimento de Oliver, continuamos as sessões de quimioterapias e depois fui para as cirurgias. Fiz a reconstrução das duas mamas, porém a da direita, que foi a mama que tive o primeiro câncer, rejeitou a reconstrução.
Um ano depois, precisei tirar a mama em uma cirurgia de emergência, e não pude reconstruí-la por ter risco de dar bactéria. Tive que esperar em torno de seis meses para tentar novamente. Fiquei arrasada, afinal, por mais que eu não ligue tanto para aparência, é algo que mexe muito com a mulher. Eu não tinha problemas em ver a cicatriz, mas não ter a mama, foi difícil para mim e fiquei muito mal.
Quando acordei da cirurgia, ainda na sala de recuperação, apareceu uma enfermeira que eu nunca tinha visto antes. Ela veio até mim, perguntou meu nome e como eu estava me sentindo. Perguntou de que igreja eu era e depois ela foi embora. Alguns minutos depois ela voltou, chegou perto de mim e perguntou se podia me dar um beijo no rosto.
Eu, sem graça, meio grogue da anestesia, disse que sim. Ela veio me deu um beijo no rosto e disse no meu ouvido: “Deus pediu pra te falar que te ama.” Em seguida ela foi embora, e sumiu, nunca mais a vi. Acredito que ela foi um anjo que o Pai mandou, mais uma vez para me mostrar que Ele estava comigo, me ajudando a carregar minhas dores.
Milagres e a minha cura do câncer
Um mês depois, fazendo alguns exames, descobrimos uma mancha no meu pulmão. Fiquei em choque. O único meio de fazer biópsia era através de cirurgia e por causa do local da mancha e da complexidade, o médico já removeria o que quer que estivesse lá mas, mais uma vez o Pai Celestial estava comigo.
Durante a cirurgia, o médico não encontrou nada, aquela mancha simplesmente sumiu. Quando eu acordei da anestesia, ele veio falar comigo, ele disse: “Marília essa biópsia foi à toa. Um milagre aconteceu! Não tinha absolutamente nada em seu pulmão, até filmei para te mostrar.” Sim, mais uma vez o Pai Celestial estava cuidando de mim.
Após tudo isso, a pandemia começou e não pude reconstruir a mama para não me pôr em risco entrando em hospital. Foi só no final de 2021, quando as coisas melhoraram, que os médicos queriam fazer a reconstrução da mama direita. Mas, ao mesmo tempo, eu queria ter mais um filho.
Os médicos me pediram que eu tivesse meu bebê antes da cirurgia de reconstrução da mama, porque havia um risco de ter rejeição novamente na prótese. Então começamos a planejar nosso segundo bebê. Achávamos que fosse demorar, devido a todos os tratamentos que já tinha feito, mas para nossa surpresa, engravidei rápido – dessa vez uma menininha.
Durante minha segunda gestação, devido meu histórico, recebi um acompanhamento atencioso e para nossa surpresa, quando eu estava de sete meses, um nódulo surgiu na mama esquerda, por baixo do silicone.
Fiquei em choque, de novo, outro câncer. Fiz alguns exames de imagem e o nódulo estava lá, mas alguns dias depois, antes de começar uma nova biópsia, o nódulo havia desaparecido. Minha médica ficou surpresa e me disse como minha fé era poderosa e como eu fui abençoada.
Mais uma vez o Pai Celestial me mostrou Seus milagres. Precisamos somente ter fé e acreditar de verdade!
Dois meses depois, minha filha Bella nasceu. E eu só tenho a agradecer ao Pai Celestial que sempre cuidou de mim e de minha família, me carregou nos momentos que eu não tinha mais forças, colocou no meu caminho um marido fantástico que sempre me ajudou, cuidou de mim e me apoiou.
Saber o plano do Pai, saber que Jesus Cristo já sentiu minhas dores, e que Eles estavam comigo, fizeram minha fé aumentar durante esse momento de minha vida. Outra grande bênção foi minha bênção patriarcal – que foi o que mais me encorajou a ter fé -, porque eu sabia que Deus cumpriria as bênçãos que me foram prometidas se eu tivesse fé e acreditasse Nele.
Sei que quando temos fé e fazemos a nossa parte, o Pai faz a Dele e Ele cumpre com todas as suas promessas.
Quanto mais difícil, mais fé eu tinha, e todas as vezes que o Senhor usou anjos, pessoas, hinos, orações, escrituras, bênção patriarcal pra falar comigo, me ajudava a ser mais fortes. Eu sabia que não era coincidência, que o Senhor estava nas coisas pequenas e simples que aconteciam comigo.
Não foi fácil, havia dias desesperadores, mas eu optei por confiar e praticar a minha fé, colocá-la em ação com um sorriso no rosto. Se o Senhor me deu essa provação é porque confia em mim e também porque sabia que eu venceria, e Ele me curou! E hoje sei que a fé pode nos curar!
Se estiver passando por algo parecido ou por alguma provação desafiadora, chore se tiver vontade de chorar. Não somos robôs, temos sentimentos! Mas jamais desanime. Busque ser o mais otimista possível e nos momentos mais difíceis, tenha mais fé ainda.
Acredite na vontade do Pai Celestial, pois Ele não nos desampara. Naquele momento que você sentir mais dor e achar que está sozinho, acredite, nesse momento o Senhor estará te carregando em Seus braços!
O Pai Celestial nunca disse que seria fácil, mas sim que no final valeria a pena!
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