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Joseph Smith usou o sonho do pai para escrever o sonho de Leí?

O famoso sonho de Leí, que está registrado em 1 Néfi 8, no Livro de Mórmon, é bem conhecido por cada membro da Igreja de Jesus Cristo. Porém, alguns opositores da Igreja dizem que Joseph Smith usou um sonho do seu pai, Joseph Smith Sênior para criar 1 Néfi 8. Bem, vamos analisar essa questão mais afundo.

O Sonho de Leí

Leí é o profeta-presidente da dispensação dos nefitas e lamanitas, um antigo povo que viveu nas Américas. O Sonho de Leí fala de um árvore bela que possui o fruto mais precioso de todos. O profeta come do fruto e deseja que sua família também o coma. Ele vê um caminho estreito e apertado, uma barra de ferro, uma névoa de escuridão e um grande edificio. Ele vê multidões indo em direção à árvore e ao edíficio. Cada elemento do sonho possui um significado. Néfi, filho de Leí, desejou ter a mesma revelação do pai, e recebeu essa graça. Ele explicou o significado do sonho nos capítulos 11-15 de seu registro, em 1 Néfi.

A árvore da vida e seus frutos brancos: Representam o amor de Deus, que Ele demonstrou enviando Seu Filho, Jesus Cristo, para ser nosso Salvador.

O rio de água imunda: Representam as profundezas do inferno, onde caem os iníquos.

A barra de ferro: A palavra de Deus, que leva à árvore da vida.

A névoa de escuridão: As tentações do diabo, que cegam as pessoas de forma que elas se perdem e não conseguem encontrar a árvore.

O grande e espaçoso edifício no ar: O orgulho e as vãs fantasias do mundo, que não tem um alicerce seguro.

O Sonho de Joseph Smith Sênior

Joseph Smith sênior teve três sonhos especiais antes do chamado profético de seu filho, Joseph Smith Junior. Esses sonhos somente são relatados no livro “A História de Lucy Mack Smith”, que é um relato da mãe do profeta (portanto, esposa de Joseph Smith Sr.). Segundo, Lucy, seu marido teve dois sonhos em 1811, e outro em 1819.

“No primeiro sonho, Joseph viu-se caminhando por um campo estéril coberto de árvores secas, sendo acompanhado por um espírito que lhe explicou que o campo representava o mundo sem religião. Foi-lhe informado que encontraria uma caixa de comida que o tornaria sábio. Tentou comer, mas foi impedido por vários animais com chifres. Contou a Lucy que acordou tremendo, mas feliz, e que estava convencido de que até mesmo os ministros religiosos nada sabiam a respeito do reino de Deus.

Mais tarde, em 1811, Joseph Sênior teve outro sonho marcante, que relatou à família. Era muito parecido com o sonho de Leí sobre a árvore da vida. Joseph viu-se seguindo por um caminho que levava a uma bela árvore frutífera. Ao começar a comer o delicioso fruto, percebeu que deveria conduzir sua esposa e sua família até a árvore, para que pudessem desfrutar dela juntos. Foi buscá-los, e comeram juntos. Joseph conta:

“Sentimo-nos extremamente felizes, sendo-nos difícil expressar toda a nossa alegria.”

Seu último sonho ocorreu em 1819, em Nova York, pouco antes da primeira visão de seu filho. Um mensageiro disse: “Sempre (…) te considerei estritamente honesto em todos os teus negócios (…) Vim dizer-te que esta será a última vez que te visitarei e que te falta apenas uma coisa para assegurares tua salvação”. Acordou antes de descobrir o que lhe faltava.” (História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pg. 22)

Como a comunicação celestial sempre fez parte da vida de Joseph Smith Sênior, não lhe foi difícil aceitar o chamado profético de seu filho. Mais tarde, ficou sabendo que lhe faltavam os princípios e ordenanças do evangelho de Jesus Cristo, que o Senhor restaurou por intermédio de seu filho Joseph.

Comparação entre os sonhos

Quando comparamos o sonho de Leí com o relato de Lucy Mack Smith a respeito de um dos sonhos do marido vemos que existem vários paralelos:

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): “Um campo grande e espaçoso”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845): “Um campo aberto e desolado”

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): Eu vi um homem. . . e ele veio e parou diante de mim ”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845): “Meu guia que estava do meu lado”

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): “Um caminho reto e estreito”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845): “Um caminho estreito”

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): “Um rio de água”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845): “Uma bela corrente de água”

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): “Uma barra de ferro; e se estendeu ao longo da margem do rio ”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845): “Uma corda correndo ao longo da margem”

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): “uma árvore”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845): “uma árvore”

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): “O fruto era branco, para exceder a todos. . . brancura”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845): “Uma espécie de fruta. . . branco ou mais branco que a neve. ”

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): “Vi que [a fruta] era mais doce, acima de tudo que já provei antes”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845):“Achei [a fruta] deliciosa além da descrição”

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): “Comecei a desejar que minha família também participasse”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845):“ Como eu estava comendo, eu disse no meu coração, não posso comer sozinho, preciso trazer minha esposa e filhos”

VISÃO DA ÁRVORE DE VIDA DE LEHI (LIVRO DE MÓRMON DE 1830): “Do outro lado do rio, um prédio grande e espaçoso; e ficou no ar, bem acima da terra ”

JOSEPH SMITH, VISÃO DE SR. 1811 (HISTÓRIA DE LUCY SMITH 1845): “Vi um edifício espaçoso, em frente ao vale em que estávamos, que parecia chegar até os céus”

Esses paralelos demonstram uma relação clara entre o Livro de Mórmon e a narrativa de Lucy do sonho de seu marido. Como Lucy se lembrou de Joseph Sr. tendo esse sonho em 1811, anos antes da publicação do Livro de Mórmon, a visão cética geralmente é de que Joseph Smith apenas usava detalhes do sonho de seu pai e os reescrevia ao “criar” o Livro de Mórmon. Por muitas razões no entanto, a visão cética não se sustém.

Considerações

Lucy Mack Smith era uma mulher vigorosa, lúcida, porém idosa quando escreveu seu livro. De fato, ela não o escreveu sozinha. Martha e Howard Coray auxiliaram significante ela nos escritos e editaram várias partes.

Uma análise recente da historiadora Sharalyn D. Howcroft indica uma história composicional complexa por trás das memórias de Lucy, o que complica ainda mais as coisas. Com base em sua pesquisa, Howcroft concluiu que a história de Lucy era “uma produção ainda mais em camadas” do que se pensava anteriormente, o que deveria encorajar “os historiadores a começar usando a história de Lucy com cautela.

O sonho de Joseph Smith aconteceu em 1811. Lucy escreveu sobre esse sonho em 1845 – 34 anos depois, portanto. O Livro de Mórmon foi publicado em 1830. É muito mais provável que Lucy e suas ajudantes tenham se baseado nos escritos do Livro de Mórmon para fazer a narrativa.

Nada disso quer dizer que Lucy ou os Corays estavam mentindo ou enganando intencionalmente quando contaram a visão de Joseph Sr. As práticas autoriais e editoriais do século XIX nem sempre eram tão rígidas quanto são hoje, e os escribas frequentemente reformatam ou reaproveitavam o material-fonte, conforme consideravam apropriado para criar uma história convincente. Portanto, seria injusto julgar Lucy ou os Corays com base em padrões editoriais modernos. Em vez disso, esse ponto é mencionado apenas para aumentar a conscientização sobre a alta probabilidade de Lucy recontar o sonho que Joseph Sênior teve mais de trinta anos antes da época de sua gravação ser fortemente influenciada pela linguagem do Livro de Mórmon. Ela usou, em sua obra, expressões e palavras do Livro de Mórmon, que não eram comuns antes da publicação do mesmo.

Os céticos podem usar as semelhanças entre os sonhos de Joseph Sr. e de Leí como evidência de fraude (uma ideia nunca arguida por nenhum membro da família Smith). Mas isso não precisa ser a conclusão padrão. De fato, haveria necessidade desconsiderar o milagre da tradução do Livro de Mórmon, e várias evidências arqueologicas do sonho de Leí – como o monumento da árvore da vida, no Peru (construída na encosta da baía de Pisco, na costa peruana, está uma antiga escultura pré-colombiana conhecida pelos peruanos como a Árvore da Vida. Mede cerca de 778 pés de comprimento por 394 pés de comprimento (240 m de comprimento por 120 m de largura), com trincheiras de 3 pés ou (1 metro de profundidade). Pode ser visto a partir de 24 km, fora do mar.) e a pedra “Stela 5” (que contém um desenho da árvore da vida e outros elementos do sonho de Leí. Foi encontrada em outubro de 1939, por Matthew W. Stirling. Ficava nos tribunais do templo na antiga cidade em ruínas chamada “Izapa”, no canto sudoeste do México)

O mais provável é que o Livro de Mórmon teve um papel significativo na formação da memória de Lucy Smith do sonho de seu marido (ou na formação da memória de Joseph Sr. do sonho como preservada por Lucy). Porém, não há nada que impeça Deus de conceder visões semelhantes a homens espiritualmente curiosos, e mulheres de qualquer época ou lugar. As escrituras tem muitos relatos de profetas que compartilham experiências visionárias semelhantes. Por exemplo, Néfi e João tiveram a mesma visão dos últimos dias (1 Néfi 14: 18–30). As teofanias do trono de Deus também são recorrentes nas escrituras. À luz disso, a ideia de que o Senhor possa ter mostrado a Joseph Sr. algo muito semelhante à visão da árvore da vida no Livro de Mórmon não é tão exagerada, e de fato pode até explicar por que Lucy recontou a visão do marido na linguagem do Livro de Mórmon, de maneira a enfatizar as semelhanças.

Concluindo, Leí e Joseph Smith Sr. tiveram sonhos em épocas diferentes, com finalidades distintas. Enquanto o primeiro viu o Plano de Salvação e o futuro de seus filhos e descendentes, p segundo estava sendo preparado para receber o filho como profeta.

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