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Depressão e suicídio: Como Cristo pode nos ajudar no processo de cura?

Me casei em dezembro de 2018 e logo nos primeiros meses de casados identifiquei em meu esposo alguns comportamentos que me deixavam um pouco preocupada: havia dias em que ele não conseguia levantar da cama para ir trabalhar, estava sempre muito estressado e ansioso, apresentava insônia e culpa excessiva.

Coincidentemente (ou não) no semestre anterior eu tinha estudado sobre depressão na faculdade e sabia que ele não estava bem. Foram muitas horas de conversa até convencê-lo a ir em uma consulta que eu havia marcado com uma psiquiatra.

O acompanhei na consulta e de lá saímos com o diagnóstico que eu já esperava: depressão. Ali começou uma jornada de adaptação com remédios, terapia e inúmeras tentativas dele se ver livre dessa doença que tanto o fazia mal.

Eu o vi em situações de muito desespero tentando lidar com toda aquela angústia e tristeza, o segurei nos braços muitas vezes enquanto ele colocava pra fora seus sentimentos e chorava desesperado porque já não sabia mais o que fazer.

A cura estava próxima?

Por muitos momentos me senti culpada, pensava que o nosso casamento estava causando isso nele, me sentia impotente por não conseguir arrancar com as mãos tudo aquilo que ele estava sentindo. Mas mesmo me sentindo muito mal às vezes, sempre mantive uma atitude positiva, dizendo que sabia que a cura dele estava próxima.

Passamos por muitos altos e baixos emocionais, ele trocou de remédio algumas vezes porque não sentia melhora, trocou de terapeuta, tentamos acupuntura, meditação, dieta e tantas outras coisas. Até que a doença se estabilizou e parecia estar indo embora. 

O que não esperávamos é que após o nascimento do nosso primeiro filho, Felipe, eu também passaria por momentos obscuros e seria diagnosticada com depressão pós-parto.

Pude entender com mais propriedade tudo o que meu esposo estava passando e ele também entendia meus sentimentos porque já havia passado por tudo aquilo. Na verdade ainda estava passando, porque ele ainda estava em tratamento.

Ele me ajudou a buscar ajuda profissional e comecei meu tratamento medicamentoso e terapia (que faço até hoje e foi essencial para a minha melhora).

“Preciso de ajuda, estou com vontade de morrer”.

Com o passar dos meses eu fiquei bem, mas o que não esperava era que a pior fase da depressão do meu esposo ainda estava por vir.

Ele passou por uma mudança de trabalho que julgamos ser muito positiva para ele e para nossa família, porém foi extremamente devastadora para a saúde mental dele. Ele era extremamente cobrado o tempo todo, trabalhava sob pressão diariamente e trabalhava até tarde vários dias da semana.

Um prato cheio para a depressão dele se agravar novamente.

Certa semana notei ele muito distante, extremamente a flor da pele, estressado, fadigado e impaciente. Naquele domingo sentei do lado dele antes de dormir e sem eu precisar falar nada, ele me disse: “Preciso de ajuda, estou com vontade de morrer”.

Naquele momento meu mundo caiu, conversamos um pouco e eu fui para o quarto porque o nó na minha garganta estava muito grande, precisava chorar, mas não queria chorar na frente dele. Me ajoelhei e enchi os pés do meu Pai Celestial em lágrimas, não sabia o que fazer.

Vencer por meio da fé 

Ao final da minha oração senti que deveria mandar mensagem pro meu bispo (que por sinal é psicólogo) e pedir por ajuda, ele me ligou e se ofereceu para conversar com o meu esposo. 

Naquela semana começamos uma nova batalha contra a depressão, o bispo nos visitou e nos confortou, nos deu o contato de uma psiquiatra para meu esposo marcar uma consulta e abençoou nosso lar com seu amor e compaixão.

Ele então começou um novo tratamento medicamentoso há algumas semanas e tem apresentado bastante melhora, aquela vontade de morrer foi embora, as coisas no trabalho melhoraram depois de algumas conversas e como família estamos nos aferrando ao Senhor para que nos ajude a passar por tudo isso com fé e esperança.

Me recordo das palavras do Élder Holland no discurso “Como um vaso quebrado”:

“Lembremos também que, ao longo de toda doença ou problema difícil, ainda há muitas coisas na vida pelas quais podemos ter esperança e gratidão. Somos infinitamente mais do que nossas limitações e nossas aflições!”

Existe paz nas pequenas coisas

Nesse mesmo discurso ele também disse:

“Se vocês forem a pessoa aflita ou o cuidador dela, procurem não se sobrecarregar com o tamanho da tarefa. Não tenham a pretensão de consertar todas as coisas, mas consertem o que puder.

Se suas vitórias forem pequenas, fiquem gratos por elas e sejam pacientes. Dezenas de vezes nas escrituras, o Senhor ordena alguém a aquietar-se e a esperar. A perseverança paciente em algumas coisas faz parte de nossa educação mortal.”

Sou grata por essas palavras inspiradas e pelos profissionais que o Senhor capacita para cuidar de Seus filhos que estão doentes e aflitos. Também sou grata pela Expiação do meu Salvador Jesus Cristo, que permite que Ele saiba nos socorrer quando precisamos. 

E ainda mais grata por cada dia que vivo ao lado do meu esposo e agora do nosso filho, eles são tudo pra mim, que venha a eternidade juntos.

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