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Como a Expiação de Cristo ajudou essa mãe perfeccionista a encontrar equilíbrio

Acordava todas as manhãs e orava para que pudesse fazer tudo o que estava na minha lista de “coisas para fazer”, e acabava ficando bem desanimada quando ia para a cama depois da meia-noite.

Comecei a minha vida como perfeccionista. A minha mãe conta histórias do meu guarda-roupa e da gaveta das minhas meias organizadas por cores. Se tivesse ordem, sentia que tinha controle. Mesmo quando criança, eu era apaixonada pela vida e pelos sucessos que eu conquistava.

Eu me casei bem jovem no templo, e tivemos quatro filhos em seis anos. Com o nascimento de cada bebê, eu ficava obcecada em perder peso e fazia exercícios até voltar ao meu corpo de antes da gravidez e às vezes emagrecia ainda mais.

Trabalhava desde o nascer do sol até ao pôr-do-sol para tentar manter a minha casa arrumada. Quando as pessoas vinham me visitar, eu tinha certeza que elas pensavam que eu era preguiçosa porque minha casa não era perfeita. Embora minha mãe muitas vezes me dissesse, “Você não se preocuparia tanto com o que as pessoas pensam de você se você entendesse quão pouco freqüentemente eles pensam em você”, eu acreditava que as pessoas estavam me julgando tão duramente como eu me julgava. Eu dava algumas desculpas. Era uma fonte de vergonha e desgosto, por isso sempre tentava manter as coisas limpas e organizadas.

Nossa vida financeira era contadinha. Eu costurava a maior parte da roupa dos meus filhos, fazia pão caseiro duas vezes por semana, e fazia conservas com as frutas e vegetais do nosso jardim. Além de tudo, eu estava na Presidência da Sociedade de Socorro, cantava no coral, e ministrava cinco irmãs de minha ala. Eu estava simplesmente sobrecarregada com o que eu exigia de mim mesma! Me encontrei perto de uma depressão.

De volta ao trabalho

Uma série de contratempos para o meu marido fez com que eu precisasse voltar a trabalhar. Minhas habilidades como designer gráfico ficam um pouco obsoletas com a explosão tecnológica. Com quatro filhos, voltei a estudar. Foi cansativo! Dava o máximo de mim para tirar 10 em tudo, além de tudo o resto.

Em pouco tempo, encontrei um emprego. Todos os meus filhos estavam matriculados na escola, e comecei a sentir que estava no controle das coisas. Então descobri que o meu marido e eu estávamos à espera de nosso quinto filho. Eu estava animada e assustada—feliz por ter um novo bebê, mas nervosa porque o nascimento de mais um filho significaria que a nossa renda familiar iria cair dramaticamente se eu parasse de trabalhar. Depois do nosso bebê nascer, esforcei-me para trabalhar meio-período, mas não consegui manter esse ritmo.

O meu marido e meus amigos imploravam para que não fosse tão dura comigo mesma. Em vez disso, arranjei um tempinho para fazer um curso sobre como melhorar a minha vida. Li todos os livros de auto-ajuda que consegui arranjar. Todo esse treinamento me deixou animada para ser mais produtiva, mas eu me encontrei mais uma vez correndo mais rápido do que eu tinha forças. Eu estava a ponto de desabar, e com cada nova falha em “executar” algo, a depressão ia se fortalecendo.

Uma família de robôs?

Um dia eu estava conversando com uma amiga e fiz uma piada sobre como eu não queria muito na vida—apenas perfeição! Minha amiga me perguntou o que eu achava que era a perfeição. Eu disse que eu seria feliz se minha casa fosse completamente organizada (tipo, com nadinha fora do lugar) e limpa o tempo todo. Queria que a minha família fosse mais independente e cumprisse todas as suas obrigações.

Eu queria que as crianças fizessem seus trabalhos da escola e viessem ler as escrituras sem reclamar. Queria cumprir um calendário rigoroso e não desviar-me dele. Deitar cedo, levantar cedo. Disciplina! Eu não precisava de coisas caras, novas – eu só queria que as coisas pelas quais eu era responsável estivessem em perfeitas condições.

Fiquei espantada com o que minha amiga disse: “Tá de brincadeira? Você acabou de descrever o meu inferno.” Depois caiu a minha ficha. Finalmente a ficha caiu! Eu estava tentando forçar a minha família a satisfazer as minhas expectativas, para fazer as coisas exatamente do jeito que eu queria. Nem eu conseguia corresponder às minhas expectativas, como podia querer que a minha família o fizesse? Eu sabia que forçá-los não estava certo. O que eu queria era estar rodeada de beleza e de ordem. Então o que eu estava procurando era justo. Mas usar a força era o plano de Satanás. Queria mesmo que meus filhos e meu marido virassem robôs, comigo como controladora? Eu sabia que a resposta era não.

O exemplo de Cristo

Orei por perdão. Pedi ao Pai Celestial para me ajudar a ver as coisas como elas realmente eram. Eu esperava que todos os meus pecados e falhas de caráter fossem exibidos como em algum tipo de vitrine para que eu revisasse e começasse a fazer as mudanças necessárias. O que eu experimentei em vez disso foi o mais belo sentimento abundante de amor e aceitação que eu já senti.

Logo, por meio de minhas orações, estudo das escrituras, conversas com meu marido e amigos, e observações, encontrei verdades que me ajudaram a mudar minha atitude. Eu abracei as palavras em Mosias 4:27: “porque não se exige que o homem corra mais rapidamente do que suas forças o permitam.” Percebi que estava tentando correr mais depressa do que tinha forças. A minha vontade de perfeição e minha paranoia para fazer todas as coisas estava ofuscando tudo. Estava perdendo a compaixão de vista. Eu me sentia fisicamente doente ao perceber que não estava gostando tanto dos meus filhos e do meu marido quanto podia.

Lentamente, percebi que só temos de fazer o nosso melhor. Vi que tinha imaginado uma pessoa ideal, que tinha todas as qualidades que tanto admirava. Havia apenas um problema—essa pessoa não existia! Eu vim a entender que Cristo é o único ser perfeito. Nos aproximamos Dele e tentamos ser como Ele é. Ele é o nosso exemplo.

O fardo da nossa redenção não está completamente sobre os nossos ombros. A Expiação de Cristo é o núcleo do evangelho. Às vezes, acreditamos erroneamente que a Expiação funciona apenas para outras pessoas, que de alguma forma devemos ganhar a exaltação por nós mesmos. Não é assim. Não conseguimos! O presidente John Taylor (1808-87) disse: “Empenhemo-nos em magnificar o nosso chamado e honrar o nosso Deus, e o Senhor cuidará das outras coisas.” Essa é uma razão pela qual chamamos Cristo de nosso Salvador.

Por vezes, é humano sentir-se inadequado. Mesmo os próprios profetas tem lutado com sentimentos de inadequação. O Presidente Hinckley contou uma história pessoal na reunião geral da Sociedade de Socorro de outubro de 2003 sobre participar de uma conferência de estaca no leste dos Estados Unidos há muitos anos. Ele sentiu que seu serviço tinha sido um fracasso. Ele sentiu que não tinha inspirado ninguém a fazer algo bom. Ele disse que em sua viagem para casa ele se sentiu mal, com um senso de inadequação.

Foi surpreendente saber que um profeta de Deus já tenha tido sentimentos de inadequação. O Presidente Hinckley terminou sua história dizendo que em uma conferência mais tarde um homem veio até ele e disse que ele tinha assistido a conferência anterior. “O senhor disse algo que me fez começar a pensar”, continuou. “Influenciou-me, não me saiu da mente e o que disse mexeu comigo. Decidi mudar de rumo. Mudei de vida. Obrigado.”

Acredito que a felicidade vem de lutar por uma melhor compreensão sobre nós mesmos. Lutar pela perfeição é o caminho, não o destino nesta existência terrena. Não precisa de ser uma obsessão. Devemos aprender a exercer a fé no Salvador e buscar a Sua ajuda para fazer com que as nossas fraquezas se tornem pontos fortes (ver Éter 12:27). As respostas realmente estão todas no evangelho de Jesus Cristo. Só precisamos ouvir e nos aproximarmos Dele.

Sete coisas que estão me ajudando em minha jornada para ter paz

  1. Orar por orientação. Muitas das nossas escolhas como Santos dos Últimos Dias estão entre coisas boas. A oração pode nos ajudar a discernir nossas melhores opções possíveis.
  2. Não se comparar com as outras pessoas. É provável que compare as suas fraquezas com as os pontos fortes dos outros.
  3. Ser gentil consigo mesmo. Cristo é um mestre gentil e bondoso. Ele é gentil conosco, e nós também precisamos ser gentis conosco mesmos. Reconhecer que está fazendo o melhor que pode. Aceite os seus esforços e os esforços dos outros.
  4. Perdoar-se a si mesmo. Se cair, sacuda a poeira e comece de onde parou. Nem tudo está perdido.
  5. Não se preocupar com o que os outros pensam de você. É realmente importante que você saiba o que o Senhor sente por você.
  6. Reconhecer os frutos de seu próprio esforço. Escreva-os em um diário. Mesmo durante a criação da terra, o Senhor reconheceu a beleza e a eficácia das suas tarefas todos os dias: “Deus viu que era bom” (Gênesis 1:12).
  7. Agradecer. Sabemos que o Pai Celestial quer que sejamos felizes. “E os homens existem para que tenham alegria” (2 Néfi 2:25). Regozijar-se em Cristo e em nossas muitas bênçãos é a melhor maneira de mostrar gratidão. Uma oração diária no final do dia é uma grande oportunidade para agradecer ao Senhor por toda a sua abundância.

Fonte: Ensign

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