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Incríveis reflexões sobre como tornar o sacramento mais significativo

Eu era recém converso e havia recebido o sacerdócio a pouco tempo. Um dia, o presidente do ramo, Mike Allen, me abordou na Igreja.

Ele pediu que eu me familiarizasse com as orações sacramentais para que eu pudesse administrar o sacramento no próximo domingo. Me senti inseguro e ansioso.

Li e reli as orações naquela semana, quase as memorizei. Senti-me responsável, respeitoso e consciente de que estaria orando em nome de todo o ramo.

Quando me ajoelhei perante a congregação para orar no domingo seguinte, a minha ansiedade se dissipou. Senti uma sensação calma de capacidade.

As palavras da oração sacramental tocaram meus sentidos como um despertar, iluminando-me e elevando-me.

A alegria dominou-me, englobando os meus pensamentos e envolvendo a minha mente em paz. Nunca antes minha compreensão da bondade do Salvador alcançou tais alturas.

Sacrifício e sacramento

Desde aqueles primeiros dias, a ordenança do sacramento traz um sentido enorme à minha vida. A minha compreensão aprofundou-se enquanto ponderava sobre a ligação entre sacrifício e sacramento.

O Pai Celestial sempre exigiu que Seus filhos oferecessem sacrifícios como forma de adoração. Começando com Adão e Eva e estendendo-se até o tempo do ministério mortal do Salvador, os sacrifícios de animais apontavam para o sacrifício expiatório do Cordeiro de Deus.

Mas pouco antes de Jesus Cristo realizar esse sacrifício expiatório, ele se encontrou com Seus Apóstolos para uma refeição de Páscoa.

Jesus “tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós”.

Ele instituiu o sacramento, uma ordenança sacerdotal para substituir sacrifícios de animais.

Logo após o Salvador realizar Seu sacrifício expiatório, os santos no hemisfério ocidental o ouviram falar de um novo sacrifício que Ele exigiu deles.

“E vós não me oferecereis mais derramamento de sangue”, disse Ele. “Sim, vossos sacrifícios e holocaustos cessarão, porque não aceitarei qualquer dos vossos sacrifícios e holocaustos. E oferecer-me-eis como sacrifício um coração quebrantado e um espírito contrito” (3 Néfi 9:19-20).

Naquele mesmo dia, Ele instituiu o sacramento entre os nefitas. Ele ensinou:

“E isto fareis em lembrança de meu corpo, o qual vos mostrei.  E será um testemunho ao Pai de que vos lembrais sempre de mim.  E se lembrardes sempre de mim, tereis meu Espírito convosco” (3 Néfi 18:7).

Esta é a nossa promessa quando participamos do sacramento. A nossa participação na ordenança é “um testemunho ao Pai de que nos lembramos [do Filho]” (3 Néfi 18:7) e representa o nosso sacrifício de um coração quebrantado e de um espírito contrito.

Como o Élder D. Todd Christofferson ensinou:

“Ao buscar a bênção da conversão, você pode oferecer ao Senhor a dádiva de seu coração quebrantado ou arrependido e seu espírito contrito ou obediente.  Na verdade, trata-se da sua própria dádiva: o que você é e em que irá tornar-se”.

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Lembrar o sofrimento do Salvador

Sou grato pela forma como o sacramento me ajuda a voltar-me para o meu Salvador e a achegar-me a Ele. Quando participo do sacramento, há algumas coisas que tento sempre lembrar sobre Ele.

A instituição do sacramento do Salvador

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Cada vez que participo do sacramento, penso na ocasião em que o Salvador pediu a Pedro e a João que se preparassem para a Páscoa (ver Lucas 22:7-13).

Me pergunto como aqueles Apóstolos se sentiram . Eles não entenderam tudo o que Jesus estava prestes a fazer, mas eles e seus irmãos nos Doze devem ter sentido que aquela não era uma típica refeição de Páscoa.

Me pergunto como eles se sentiram quando “chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele, os doze apóstolos”, e quando Ele disse: “Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça” (Lucas 22:14-15).

O que Ele padeceria? Eles não tinham como saber. Hoje podemos olhar para trás com algum conhecimento de Seu sofrimento, mesmo que nunca o compreendamos.

O jardim do Getsêmani

Arte de Yongsung Kim

Quando tomo o sacramento, penso no Salvador no Jardim de Getsêmani. Sabemos que logo depois de instituir o sacramento, Seu sofrimento começou naquele jardim (ver Mateus 26:36-38). Lucas registrou:

“E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice, porém não se faça a minha vontade, senão a tua… E posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor fez-se como grandes gotas de sangue, que corriam até o chão” (Lucas 22: 41-42, 44).

O próprio Jesus Cristo descreveu sua experiência no Getsêmani. Referindo-se ao seu sofrimento, Ele disse:

“Quão dolorosos tu não sabes, quão intensos tu não sabes, sim, quão difíceis de suportar tu não sabes… Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos… sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito — e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar” (Doutrina e Convênios 19:15-16, 18).

Os discípulos adormecidos

Quando participo do sacramento, muitas vezes penso em Pedro, Tiago e João dormindo enquanto o Salvador sofria (ver Mateus 26:37-45).

Então, me questiono sobre a minha posição perante Ele. O que me recuso a abandonar que me impede de dizer “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”? (Filipenses 4:13).

Porque é que às vezes não vejo o meu potencial como Ele o vê? Quando chegar o momento de eu estar diante Dele e Ele olhar para a minha alma com os Seus olhos de amor, serei capaz de olhar diretamente para Ele?

Ou ele me perguntará, como perguntou a Pedro, Tiago e João: “Por que estais dormindo?” (ver Lucas 22:46). Ele perguntará: “Por que não recebes a minha ajuda para cumprir o teu destino divino?”

O caminho extenuante para Gólgota

Quando participo do sacramento, penso na estrada árdua do Salvador para Gólgota depois de deixar o Getsêmani:

“Então, prendendo-o, o conduziram, e o puseram na casa do sumo sacerdote… E os homens que detinham Jesus zombavam dele, ferindo-o.  E vendando-o, feriam-no no rosto, e perguntavam-lhe, dizendo: Profetiza, quem é que te feriu? E muitas outras coisas diziam contra ele, blasfemando” (Lucas 22:54, 63-65).

E mais tarde: “Pilatos …, disposto a libertar Jesus, falou novamente a eles. Mas eles clamaram, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o” (Lucas 23:20-21).

Abnegação diante do egoísmo

Quando participo do sacramento, penso no sacrifício altruísta do Salvador na cruz, mesmo quando tantos ao seu redor eram egoístas.

“E quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro, à esquerda. E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino” (Lucas 23:33, 39-42).

Ao pensar nestas pessoas, o sumo sacerdote, Pilatos, as pessoas que exigiram que Jesus fosse crucificado e o malfeitor que protestou contra Jesus, espero nunca deixar que desejos egoístas me ceguem e me impeçam de conhecer o meu Salvador.

Espero sempre lembrar-me de Seu sacrifício altruísta, receber a Sua graça e reconhecer a Sua mão na minha vida.

Espero, como o segundo malfeitor, ser humilde o suficiente para reconhecê-Lo e implorar que Ele se lembre de mim.

Com tal humildade vem a garantia e a promessa do Senhor: “Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam. Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei meus preparativos para os filhos dos homens” (Doutrina e Convênios 19:16,19).

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Sacramento, auto avaliação, arrependimento, perdão e revelação pessoal

O sacramento é um tempo de auto avaliação e arrependimento. Esse é o momento de reconhecer a nossa fraqueza e a nossa necessidade de que o Senhor nos purifique e “fazei-vos um coração novo e um espírito novo” (Ezequiel 18:31).

Em nossos esforços para fazer mudanças em nossas vidas e fazer a diferença nas vidas dos outros, precisamos Dele.

Somente por meio Dele e da Sua expiação podemos encontrar sucesso e alegria duradouras. Somente “por meio do derramamento do sangue de Cristo, que está no convênio do Pai para a remissão de vossos pecados”, podemos nos tornar “santos, sem mácula”, (Morôni 10:33).

Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). Sou grato pelo Sacramento, pela maneira simples como me lembra o preço que Jesus Cristo pagou para que nos arrependamos, recebamos perdão e nos tornemos como Ele.

Nossa experiência com o sacramento também pode levar à revelação pessoal. A promessa nas orações sacramentais é que sempre teremos o Espírito conosco (ver Doutrina e Convênios 20:77, 79).

Às vezes, quando menos esperamos, talvez durante a administração do sacramento ou durante uma conversa na reunião ou no caminho da Igreja para casa, o Espírito Santo lance luz sobre as questões que temos e as dificuldades que enfrentamos.

Participar do sacramento é um privilégio. À medida que participamos de forma digna e reflexiva, a nossa experiência semanal pode ser como a minha experiência da primeira vez que pronunciei as bênçãos sobre o pão e a água.

E pode permanecer conosco, para além dos poucos minutos da ordenança. Podemos sentir uma sensação calma de capacidade. As palavras da oração sacramental podem tocar nossos sentidos como um despertar, iluminando-nos e elevando-nos a cada vez que tomamos o sacramento.

Podemos ser envolvidos com alegria e paz, e nossa compreensão da bondade do Salvador pode continuar a crescer. Nós certamente teremos Seu Espírito conosco, e nos veremos, cada vez mais, como Deus nos vê.

Fonte: LDS Living

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